18
Abr 14

Correntes d´Escritas: a primeira vez de Valério Romão




O escritor Valério Romão participa pela primeira vez nas Correntes. Hoje vou entrevistá-lo. Preparar a entrevista com o autor de “Autismo” e “O-da-Joana” foi uma experiência dolorosa. Entendê-lo é mergulhar na dor. É mexer no lodo da alma. É ser violado pela angústia.

Valério Romão expôs-se à possibilidade do ridículo; exerceu o seu direito a ser ridículo. Em vez de ser apontado, ele mostrou que a dor, a liberdade, o medo, o egoísmo, a individualidade são matérias comuns a todos nós. Em vez de ser apontado, ele mostrou-nos a raíz da dor.
Valério Romão chegou. Sentou-se à minha frente. Escreve. Não sabe que o observo. Se eu lhe contasse, sentir-se-ia como uma personagem dos seus romances. Eu poderia castigá-lo como ele o faz com as suas criações. Mas o meu hipotético sadismo foi ultrapassado pelo seu masoquismo. Poucos são os autores capazes de mostrar, de forma tão aguda e funda, as profundezas lodosas da sua dor.
A primeira mesa em que participa tem, entre outros valorosos participantes, o pai de Fazal Elahi, Badini, Salim, Isa… Chegou ontem sem guarda-chuva. Afonso Cruz, Valério Romão e Patrícia Portela sentados à mesma mesa de Ivo Machado, Miguel Real e Hélder Macedo.
Faço um cinematográfico “zoom” a Valério Romão. É ele o alvo da minha atenção.
T-shirt estampada, casaco que poderia ter sido roubado a Chris Martin, dos Coldplay, cabelo… desalinhado? cCnfuso? Talvez amotinado. Barba.
O mais interessante está por dentro. Os leitores terão oportunidade de usufruir de uma visita guiada pelos meandros dos universos “valerianos”, brevemente, no Diário Digital.
Em “Palavras + Correntes = X”, Valério Romão olhou ironicamente para a Moral, afirmando “[nas Correntes] Há espaço para tudo, até para a Moral”. Enquanto os outros intervenientes difundiram a sua análise por um largo espectro proporcionado pela falácia da equação, Valério Romão incidiu a sua atenção no que não é quantificável: na vida das pessoas.
É a visão presente nos seus livros. O inquantificável é dominador. Não é o PIB que assusta, é a fome; não é a escala de Richter que assusta, é a terra a tremer.
Parece ser um autor assolado pela culpa, pela penitência e pela ironia com que se analisa e observa os outros.
Dentro das Correntes, todos os autores são um mundo, mas poucos metem tanto medo como o de Valério Romão. 
publicado por oplanetalivro às 15:16

25
Mar 14

Textos sobre Festival Literário da Madeira :



ATLAS DA ESTUPIDEZ ALHEIA:

ENTREVISTA ADRIANA CALCANHOTO:

ESCRITORES PREMIADOS NO FLM:

O FESTIVAL LITERÁRIO DA MADEIRA:

MUITO MAIS DO QUE LITERATURA:

OS LIVROS SÃO UMA REBELDIA CONTRA A DITADURA DA ACTUALIDADE

"HABITANTE IRREAL", DE PAULO SCOTT

"BIOGRAFIA INVOLUNTÁRIA DOS AMANTES", DE JOÃO TORDO

ENTREVISTA COM JOÃO TORDO





publicado por oplanetalivro às 16:28
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Sal em carne viva

O Festival Literário da Madeira (FLM) foi mais do que Literatura. O FLM foi feito de palavras, sim, mas também de afectos, de trabalho e de alteridade. Principalmente, de alteridade.
Foi com muito agrado que aceitei o convite da Nova Delphi para ir ao encontro das pessoas fora da literatura, fora do teatro, fora do Funchal.
Na companhia dos escritores Valério Romão, Manuel Jorge Marmelo, Tiago Baltasar, Francisco Camacho e do jornalista Luís Caetano, fui ouvir as histórias de alguns dos pescadores. Fomos até Paul do Mar, uma pequena aldeia com cerca de 800 habitantes do concelho da Calheta.
Entrámos num bar. Fotografias de pescadores forravam duas paredes. Havia em todos os olhares a noção da tragédia. Era uma galeria de mortos.
Tínhamos um homem a quem nos dirigir. Era um pescador de uma dessas fotografias. Queríamos as suas histórias. Não as ouvimos. Ele morrera num acidente de pesca. O corpo não foi recuperado. O pai, também pescador, ficou sem o seu filho.
Saímos do bar e fomos à procura do capitão do barco onde havia trabalhado esse pescador. O pudor amarrou-lhe as palavras. Não quis falar. Há medo, respeito e dor, muita dor, dentro das recordações.
Decidimos descer a rua até à doca. Estavam 3 pescadores a montar um aparelho para a pesca do peixe-espada preto. Demonstraram disponibilidade para conversar.

Os pescadores são pessoas viciadas em resistência. Sobrevivem contra as leis do homem e contra a impiedade do mar. Segundo este grupo de 3 homens, um dos males do comércio de peixe é a imposição do preço por quem compra. É o comprador, neste caso a lota, que estipula o preço do peixe, ao contrário do que acontece com outros locais e outros produtos. O pescador não estipula o preço de venda do seu trabalho.

O temporal, as despesas de manutenção com o material e as dívidas acumuladas empurram a vida para a fronteira com o insustentável.
“Se pudesse, transformava o meu barco em barco para passeios turísticos, mas é preciso muito dinheiro...”, ouvi.
A pesca é cada vez mais reduzida. Há necessidade de se afastarem mais da costa, e os peixes são apanhados cada vez mais precocemente, pondo, desta forma, em causa a própria existência das espécies.
Senti-me a observar uma fractura exposta. Afastei-me um pouco e fui visitar os barcos atracados. Estes estão presos por problemas com a rampa por onde descem para o mar. “Está pouco funda”, disse. “Estamos à espera que venham cá tratar disso”
Despedimo-nos e fomos conversar com outro pescador. Era novo, na casa dos 30 anos, e tinha um braço coberto de ligaduras. Ele contou-nos a sua história.
Muitas vezes têm necessidade de saltar do barco para dentro de água para libertar golfinhos, ou desembaraçar a rede. Foi o que ele fez. Já dentro de água, foi atacado por um espadarte que lhe trespassou o braço com o seu maxilar superior, muito conhecido por ter um formato de espada. Um pouco mais ao lado, e o pescador teria sido morto.

 Um espadarte pode atingir cerca de 500 quilos.

“E nós, aqui, só temos palavras para esta gente”, pensei enquanto voltávamos para o Funchal.
A ficção de Moby Dick” e de “O Velho e o Mar” tiveram um grande impacto na minha formação como leitor. Lembrei-me de Melville e de Hemingway quando olhei para o mar vasto.
A Literatura esperava por nós dentro do Teatro Municipal Baltasar Dias.
As palavras dos pescadores de Paul do Mar têm arestas, raspam e cortam. São feridas expostas pela vida passada à caça de sustento no Atlântico.
O mar é fonte de vida, mas também é depositário dos corpos de pais e de filhos. O mar é bênção e berço de ritual tragédia.
De onde vem a subsistência vem também o fim. Os pescadores estão presos nessa dualidade.
Sento-me numa cadeira confortável e escrevo sobre a profunda angústia dos olhos daquela gente que transcende a literatura. Há muita dignidade naquelas mãos vincadas pelas redes, pela água, pelo sal.
Penso eu, sentado numa confortável poltrona.

Mário Rufino
Festival Literário da Madeira, Funchal.
publicado por oplanetalivro às 11:57
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18
Mar 14

A Madeira é pólo aglutinador do prazer causado pelas palavras dos outros, pela música e poesia. Uma ilha aberta ao mundo. Só assim faz sentido. O conhecimento é uma porta para um outro, detentor de cultura e pensamento diferente. Conhecer é construir uma forma de diálogo equilibrado, sem subserviência nem arrogância, para com um outro até então incompreendido. Não é uma questão de superioridade/inferioridade; é de encontro, de deslocação, de alteridade


http://p3.publico.pt/cultura/livros/11283/atlas-da-estupidez-alheia




publicado por oplanetalivro às 16:22
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14
Mar 14


    ---------------------PROGRAMA FLM (LINK)-------------------



 NOTÍCIAS, CRÓNICAS E TEXTOS (link):





publicado por oplanetalivro às 17:40
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13
Mar 14


O Festival Literário da Madeira (FLM), organizado pela Nova Delphi, continua a dotar o programa com nomes importantes da literatura em Língua Portuguesa.
JOSÉ EDUARDO AGUALUSA (angolano) e PAULO SCOTT (brasileiro) juntam-se aos autores já confirmados no FLM.


Paulo Scott,  autor de “Habitante Irreal” (Tinta-da-China) - romance vencedor do Prémio Machado de Assis 2012- participará em 3 "Conversas Cruzadas". A primeira será no dia 18, com Alexandra Lucas Coelho no Cruzeiro MSC Armonia, sobre “As Ilhas Desconhecidas – Raul Brandão”.





O autor angolano de “Milagrário Pessoal”, “Teoria Geral do Esquecimento”, ou o mais recente “A Vida no Céu” estará presente, no dia 22, a conversar sobre o tema “Todos os revolucionários são estúpidos”- Bernardo Soares (Livro do Desassossego) ”, também em “Conversas Cruzadas”.



Sob o lema “Queremos de ti um país”, as actividades contam já com as contribuições confirmadas de Ricardo Araújo Pereira, Manuel Jorge Marmelo, Gonçalo M. Tavares, João Tordo, Paula Moura Pinheiro, Irene Pimentel, Alexandra Lucas Coelho, entre outros.

O FLM começa no dia 17 de Março, com “Conversa Cruzada – “Estamos sós com tudo aquilo que amamos”, de Novalis- Etapas do desenvolvimento infantil”, no âmbito do Festivalinho Literário Infantil. A conversa entre Nuno Lobo Antunes e Maria João Beja será moderada por José Luís Nunes.
O Festival Literário da Madeira irá prolongar-se até dia 23 de Março, no Funchal.





publicado por oplanetalivro às 09:22
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27
Fev 14


http://blogtailors.com/as-correntes-descritas-por-mario-rufino-7232460



publicado por oplanetalivro às 11:09
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Disseram-me, sem qualquer vestígio de sarcasmo ou arrogância, que eu tinha de ir no Alfa com destino Porto-Campanhã, conhecido por muitos como o “comboio dos escritores”, tal é a abundância destes “estranhos” indivíduos nas carruagens. Preparei um texto metafórico, onde mencionava a minha viagem física, a 140 km horários, acompanhado desses “Willy Wonkas” que nos guiam dentro das suas fábricas de chocolate.

Ouviria palavras cristalinas, mas fortes como aço. Estava preparado para o inevitável desencanto dado pelas palavras de barro, com os seus sons catalisadores de desilusão, lado lunar dos seus criadores literários.
Estava preparado para isso, mas não para isto:
Uma horda de alemães, de hoodie preta estampada com uma imponente águia, transportando sons tilintantes dentro de sacos de plástico, a cheirar a sandes bafientas enroladas em celofane, e a arrotar cerveja...
Não levo literatura, neste momento. Levo com futebol. Mas há algo de metafórico nisto. Não sei em que estação saio. Isto quer dizer que o meu sossego depende da vontade destes devotos alemães. Onde é que eu já vi isto?
Não entendo uma palavra de alemão. Talvez estejam a falar de Schiller ou Goethe; talvez a águia vermelha de nylon que oscila sobre a minha cabeça, numa bandeira prestes a servir-me de mortalha, seja a capa de um novo livro de Herta Muller.
Gosto muito de literatura alemã, gosto de futebol, mas espero gostar mais de os ver a afogar em cerveja Sagres os três golos do Jackson Martinez.
Ondjaki, em “Os transparentes”, dá-nos um cinema mudo, onde os espectadores são, involuntariamente, responsáveis pelos diálogos. Aqui, eu tenho a imagem a fugir com a velocidade de 150 km por hora. E sons, ostensivas cascas de palavras por encher com os sentidos que me apetecerem.
As “Correntes d` Escritas” impressionam-me. Há sempre desculpas quando algo não se faz.
Na Póvoa de Varzim, não há necessidade de desculpas. Estamos na 15ª edição das Correntes.
Em 2013, a organização foi perfeita. Fiquei adepto. As Correntes de 2014 começam, oficialmente, amanhã. No entanto, hoje já poderemos assistir a lançamento de livros:
- «Do branco ao negro», AA.VV. com Rita Roquette de Vasconcelos, Sextante
- «Livros Nómadas do Sangue», João Rios, Edita-me, entre outros.
Há, também, o lançamento da Flanzine, projecto muito divulgado nas redes sociais.
Vou ter de ficar por aqui. Berram-se hinos ao Eintracht Frankfurt, cheira a cerveja vinda do estômago. O passageiro que pendurou a mortalha sobre a minha cabeça parece o Philipp Lahm, do Bayern de Munique. Grande Jogador.

Amanhã temos “Correntes d`Escritas”
P.S.: O FC Porto recebe na quinta-feira o Eintrach Frankfurt, para os 16 avos da Liga Europa
publicado por oplanetalivro às 11:07
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Falamos de encontro entre escritores e leitores e esquecemo-nos, muitas vezes, de que os papeis não estão tão definidos assim. O escritor é leitor. Não é raro ver autores pedirem a outros autores para assinar livros. Percebe-se a ansiedade dos leitores em mostrar que são escritores quando falam com os já aceites pelo mercado e pelos seus pares. O escritor é um leitor. O leitor pode não ser um escritor. Ambos são recriadores.

No acto de leitura, o leitor aproxima-se do escritor através do livro. Na Póvoa, uma vez por ano, o livro não é a única forma de aproximação, mas continua a ser a mais radical. O livro é um meio de transporte para a alma de um homem e para a essência de uma época.
Estou a ser cobarde. Estou a fugir do que me preocupa.
Ontem, vi Eduardo Lourenço fragilizado. Almeida Faria passou por mim, mesmo agora. Não vejo Rentes de Carvalho. Normalmente, eu e Rentes de Carvalho chegamos quase ao mesmo tempo à sala para tomar o pequeno-almoço. Somos os primeiros. Não o vejo. Terá ido embora, certamente. 
Por mais vezes que repita a verdade última custa-me aceitá-la. O abismo de Eduardo Lourenço é o abismo de todos nós, mas individual por impossibilidade de partilha.
Quando estou nas Correntes, sou guiado pelos horários das mesas e das entrevistas. Esqueço-me dos dias da semana. Apesar de continuar amarrado às horas, suspendo a decadência do tempo. Os livros, elementos divinatórios e potencialmente eternos, enganam-me. Eles continuarão cá, numa ironia sempiterna perante a caducidade do corpo. Nós não.
O leitor terá noção da máquina do tempo que tem nas mãos? 
No interior da maior revolução tecnológica da História da Humanidade, a palavra escrita - forma imperfeita parida pela materna sonoridade - continua a ser a mais radical, poderosa e temível criação humana.
Repito mil vezes a verdade de todos nós, desejando a morte dessa verdade, a vida de uma mentira, a aniquilação da efemeridade do corpo.
É dia de festa, mas acordei cobarde, medroso, revoltado e ansioso. Gostava que o tempo fosse suspenso para algumas pessoas. Precisamos de Bergoglio, Steiner, Lourenço nas nossas vidas.
Teremos, enquanto quisermos, esse mecanismo complexo que nos permite desrespeitar o tempo: O livro.

publicado por oplanetalivro às 11:06
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http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=686504

Passo curto, titubeante, vagaroso. Voz pausada. Eduardo Lourenço é imponente mesmo na sua fragilidade física. Senta-se e olha para o público. Provavelmente assim o terá feito, mais nervoso do que hoje, na primeira vez perante um outro público, ainda eu não era nascido. Apoiado em Manuel Alberto Valente, subiu o palco e sentou-se. É a primeira mesa das Correntes 2014.

António Gamoneda (poeta espanhol, prémio Cervantes), Eduardo Lourenço, João de Melo (escritor português), Lídia Jorge (escritora portuguesa), Ungulani Ba Ka Khosa (escritor moçambicano) partilharam “Pensamentos não são correntes de ninguém”, no Centro de Congressos Hotel Axis Vermar. Sala grande e cheia de ouvintes. A moderação foi entregue a José Carlos Vasconcelos (Editor do Jornal de Letras), que explicou a origem dos títulos/temas das “Mesas” das Correntes 2014. Todos os títulos foram retirados de frases ditas nas anteriores 14 edições.
As intervenções começaram em João de Melo e acabaram em António Gamoneda.
Os participantes prestaram homenagem às Correntes e, especialmente, a Eduardo Lourenço, que viria a ter um discurso de uma lucidez admirável.
João de Melo entregou um testemunho de uma luta entre a amargura e a piedade, entre a revolta e o desalento. O autor português falou sobre a alma de um povo abatido e resignado. Apelou à memória, citando autores, factos e afectos. Um texto pessimista, rico de conteúdo e envolvente na sua sonoridade e emoção.
Ba Ka Khosa começou a sua intervenção citando “O Mestre” Eduardo Lourenço. Diagnosticou as suas influências literárias, citando autores de diversas épocas, dialogando com autores canónicos e falando sobre a importância na sua escrita da introspecção de Saramago e da oralidade de Dinis Machado. “A Narrativa portuguesa era um patamar sagrado”, afirmou, referindo-se à sua formação como leitor e escritor.
Lídia Jorge teve uma participação mais lateral. A autora portuguesa optou por falar sobre o lado bom e o lado mau presente em cada pessoa, e em como o escritor se “alimenta” do seu lado mais mefistofélico.
Eduardo Lourenço iluminou a sala com a sua lucidez. Voz fraca, pausada, mas demonstrativa do raciocínio claro e coerente.
O ensaísta português falou sobre a singularidade das Correntes, um dos lugares do mundo em que, durante 3 ou 4 dias, a Lusofonia coabita com a nossa vizinha Espanha.
“Uma espécie de milagre”, afirmou.
A intervenção de Eduardo Lourenço serviu de contraponto à intervenção de João de Melo. O ensaísta rejeitou a auto-comiseração. Não partilha o pessimismo de fundo no que diz respeito à criação literária. Raros são os países do mundo, com o nosso tamanho, criadores de literatura universal, teve oportunidade de dizer.
A crise, hoje, está sem sujeito e descentralizada. Dentro desta comercialização planetária, “ a literatura serve para remediar as feridas da vida real”.
Estamos perante “o apocalipse em directo”. No entanto, o fatalismo não vence o optimismo. Fundamentando-se com a História, Eduardo Lourenço enfatizou o facto de, com paciência, tal como Moisés a teve, a entrada numa outra época será conseguida.
Mas a frase mais arrepiante apareceu quase no fim. Eduardo Lourenço afirmou, em relação à falta de opções de futuro: “Eu sei o que é estar à beira do abismo. Estou a olhar para ele, para o meu fim”
António Gamoneda, o último interveniente, falou sobre o princípio da linguagem e a sua relação com a linguagem poética.
A palavra, para Gamonesa, foi a origem do pensamento. Anteriormente a isso,o homem tinha uma visão instrumental de um objecto. A maçã, por exemplo, existia para cumprir uma função (matar fome), mas não como elemento intelectual. Nomear uma coisa é criar a intelectualidade da coisa.
Em relação à Linguagem poética, o poeta espanhol semeou muitas perguntas para as quais ele não tem resposta.
A primeira mesa foi dominada pela presença e brilhantismo intelectual de Eduardo Lourenço. As reverências foram constantes. A sua intervenção demonstrou a lucidez do seu raciocínio.


publicado por oplanetalivro às 11:02
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