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O Planeta Livro esteve presente, findava a tarde do dia 09 de Maio, na Livraria Ler Devagar para assistir à apresentação de “Mal Nascer” (Casa das Letras), o mais recente romance de Carlos Campaniço (n.Moura; 1973).
A apresentação ficou entregue a Maria do Rosário Pedreira (editora) e Afonso Cruz, escritor recentemente premiado com o prémio Sociedade Portuguesa de Autores, devido ao seu livro “Para onde Vão os Guarda-Chuvas”.

Maria do Rosário Pedreira caracterizou “Mal Nascer” como “romance de retorno”. Tal qual Ulisses, em “Odisseia”, Santiago Barcelos, personagem principal, regressa à sua terra para perceber que, ao contrário das suas dolorosas memórias, não havia reconhecimento da sua identidade por parte dos conterrâneos.
“Mal Nascer”, finalista do Prémio Leya, é “literatura preocupada com o outro”, segundo Maria do Rosário Pedreira.
Afonso Cruz defendeu também a ideia de retorno num romance contextualizado pelas lutas entre liberais e absolutistas.
Para o autor recém-premiado, que demonstrou ser um exímio contador de histórias, o personagem principal tem questões difíceis de assumir nessa época: Ser-se pobre, ateu e liberal.
Com uma “linguagem cuidada” e um “enredo muito cativante”, “Mal Nascer” aborda a questão política e, principalmente, a situação de pobreza.
Carlos Campaniço, por último, afirmou haver um pensamento sempre presente no seu livro:
Em tempo de guerra, em tempos difíceis, são sempre as mulheres e as crianças que mais sofrem.
“Estar ao lado dos pobres nunca foi o caminho mais fácil”, afirmou.
“Mal Nascer”, tal qual “Os Demónios de Álvaro Cobra” (Teorema), vencedor do Prémio Literário Cidade de Almada de 2012, baseia-se no Alentejo, região de origem do autor. A cultura alentejana é essencial na criação da sua imagética literária.
A apresentação terminou após algumas perguntas do muito público presente.

O Planeta Livro já teve oportunidade de abordar o livro anterior de Carlos Campaniço: “Os Demónios de Álvaro Cobra”.
Este romance, onde o leitor tem a possibilidade de acompanhar o extraordinário personagem chamado Álvaro Cobra, foi considerado, por Planeta Livro, um dos melhores romances lidos em 2013.
Brevemente, os leitores do blogue poderão ler a crítica a “Mal Nascer”.




LINKS ÚTEIS:

Texto sobre “Os Demónios de Álvaro Cobra”:

OS MELHORES DE 2013:


SITE INTERACTIVO DO ROMANCE:


fotos: Sofia Madalena Escourido



  
publicado por oplanetalivro às 19:18

14
Mai 13


http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=630895


Carlos Campaniço (n. 1973, Moura) construiu um extraordinário universo literário, onde cintilam personagens memoráveis.
“Os demónios de Álvaro Cobra”, editado pela Teorema, é um livro que merece toda a atenção dos leitores e da crítica literária.
Medinas, a fictícia aldeia alentejana onde habita a família Cobra, só tem uma porta de entrada e outra de saída. Nela se entra pela primeira página do livro, dela se sai pela última página. Não há mapa que a indique.
Dentro dessa aldeia de pagãos, novos cristãos e judeus, o importante peso da igreja católica na moral é inferior à superstição, aos costumes e aos mitos ancestrais. Por lá passam um anarquista que ensina a escrever e a ler, uma prostituta, dona de um bordel, que deseja casar as suas “meninas” com os homens mais ricos, uma cadela que adivinha o tempo, um pássaro que canta, sem nunca errar, em sincronia com a hora exacta e grifos e mais grifos…
Enquanto visita esse maravilhoso ambiente criado por Carlos Campaniço, o leitor  vai conhecendo as estranhas peculiaridades de cada membro da família Cobra, principalmente de Álvaro.
“ (...) aquela era uma família insólita: o marido com suas singularidades inusitadas e suas coleiras de epítetos; a bisavó, quem sabe, a mulher mais velha do mundo; a cunhada, doente com febre toda uma vida; e a sogra com duas mãos desiguais.”

A história de “Os demónios de Álvaro Cobra” é de abnegação, sofrimento, de derrotas e de vitórias. É uma história sobre o peso do destino e a (in) capacidade para o construir.
A pergunta essencial para a compreensão deste romance cedo se impõe:
Até quando aguentará Álvaro Cobra tanta dor?
O leitor tem, nas suas mãos, um romance de personagens. A narração vai apresentando várias peripécias que tanto podem provocar tristeza ou alegria; serem violentas ou ternurentas, fatalistas ou de esperança. O principal objectivo desses acontecimentos é provocar uma atitude, um gesto, uma palavra, que permita ao autor/leitor assistir a determinado comportamento.
Carlos Campaniço não deixa “pontas soltas”. Tudo está lá por alguma razão. Mais cedo ou mais tarde, o leitor entenderá o objectivo de determinado acontecimento.
A realidade imposta pelo visível e tangível é manipulada de forma coerente e credível.
É inevitável a referência ao realismo mágico. Neste aspecto, o autor parece seguir os mesmos caminhos de Garcia Márquez (Medinas em vez de Macondo), Riço Direitinho (características de algumas personagens de “breviário das más inclinações”), ou de alguma literatura nórdica.
O trabalho lexical é muito relevante. Os regionalismos estão presentes em abundância. O próprio autor faz questão de o mencionar.
“ Até cento e oitenta e duas palavras, capturadas ao regionalismo local, que não coabitavam no seu léxico da Língua Portuguesa, eram berberismos e arabismos falados apenas em Medinas. Mencionou como exemplo, abrindo os braços à multidão, o nome da praça onde estavam reunidos.” Pág. 94
“Os demónios de Álvaro Cobra”, obra vencedora do Prémio Literário de Almada 2012, é um livro marcante devido à capacidade do seu autor em criar e descrever, com muito equilíbrio, um ambiente singular onde habitam personagens que provocam empatia e estranheza no leitor.

O leitor não se esquecerá de Álvaro Cobra.

Mário Rufino


Os Demónios de Álvaro CobraOs Demónios de Álvaro Cobra by Carlos Campaniço
My rating: 5 of 5 stars

Garanto-vos: Vocês vão querer ler este livro.
O meu texto sobre "Os demónios de Álvaro Cobra" para o Diário Digital

O mundo mágico de Carlos Campaniço.

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp...

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publicado por oplanetalivro às 07:18

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